O objetivo deste artigo foi analisar o Plano 22@ Barcelona, considerando que esse exemplo pode aportar reflexões a processos de transformação de áreas urbanas em situação similar. Esse plano se propõe a promover a reconversão de um tecido industrial em um setor de inovação. A pesquisa parte da hipótese de que a forma tradicional de planejamento, racional e finalista, não tem sido capaz de apreender o objeto urbano, definindo um hiato na leitura e compreensão sobre a cidade. A discussão e análise pautam-se em questões identificadas como possíveis contribuições a experiências de transformação urbana similares, inclusive brasileiras. Os resultados evidenciam que o Plano 22@ aporta contribuições à gestão urbana ao exemplificar a prática de transformação territorial a partir de um instrumento que considera implantação progressiva, diversidade morfológica, atuação de diversos agentes e mecanismos que se articulam em distintas escalas, em um sistema flexível de planejamento. No entanto, ressalta-se que ainda permanecem questões presentes em práticas usuais de transformação urbana, sobretudo no que diz respeito à incorporação de aspectos sociais ao processo. Assim, sugere-se a incorporação da dimensão projetual em propostas dessa natureza, considerando, de forma mais apropriada, os resultados físicos territoriais, visando transformações que garantam o pleno direito à cidade.
Esse artigo foi publicado originalmente na Urbe, Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), 2018 set./dez., 10(3), 558-575.