Aniversário 132 anos do Instituto Agronômico (IAC)

Feijão carioquinha. Foto: Marcos Santos/USP

O feijão carioca que boa parte dos brasileiros consome era, até a década de 60, uma cultura exclusiva de pequenos produtores. Não estava disponível para o consumo de massa, como encontramos hoje. Mas em 1969, o Instituto Agronômico de Campinas lançou o cultivar IAC carioca. A nova semente pôde então ser plantada em grandes áreas, sem quebras na produção e, hoje, esse feijão está acessível em mercados, armazéns e feiras livres, em qualquer época do ano.

A mais nova cultivar deste feijão é a IAC 1850, que representa a 50ª cultivar de carioca desenvolvida pelo Instituto e que foi apresentada na Agrishow 2019. A cultivar IAC 1850 apresenta tolerância ao escurecimento do grão. Os grãos da cultivar IAC 1850 mantêm coloração clara por um período ao redor de 90 dias, permitindo ao agricultor verificar qual a melhor época de comercialização dos grãos em função dos preços repassados pelo mercado consumidor. Além disso, a cultivar tem alto potencial produtivo, alcançando acima de 4.500 quilos, por hectare. Esse resultado foi confirmado em vários experimentos realizados em diferentes ambientes de cultivo no estado de São Paulo e outros. Atualmente a cultivar está recomendada para cultivo nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás, segundo Alisson Fernando Chiorato, pesquisador do IAC.

Foto: Imprensa MG

História – Entre 1890 e 1920 o estado de São Paulo assistiu a uma rápida ocupação do seu território pelas lavouras de café e se transformou no principal centro econômico do país. O café transformou o cenário paulistano e o nacional. Os investimentos feitos em ferrovias, no comércio, a vinda dos imigrantes etc., deram início à primeira fase da industrialização do país e tamanha expansão necessitava de suporte técnico que assegurasse sua continuidade e sua expansão. Assim, em 1887, foi criada a Imperial Estação Agronômica de Campinas, por um decreto de D. Pedro II para estudar essencialmente a cultura do cafeeiro. Tal ação se alicerçava na ideia de que a tecnologia e a ciência poderiam alavancar o sucesso dos empreendimentos daquela época. Os estudos do IAC visaram desenvolver cultivares que se adaptassem a várias regiões brasileiras. Ao longo de mais de setenta anos de pesquisas, surgiram plantas de porte baixo ou alto, maturação tardia ou precoce, com maior ou menor resistência à ferrugem, para regiões mais frias, de maior altitude, e assim por diante, conforme a necessidade do produtor e da região onde o café seria plantado. O IAC organizou a cafeicultura brasileira, interrompendo quase quatro séculos de agricultura extensiva e predatória no Brasil.

O PIB do agronegócio compreende, além das atividades primárias realizadas no estabelecimento, as atividades de transformação e de distribuição. Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o agronegócio foi responsável por 21,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017. Além disso, o setor é responsável por um em cada três empregos gerados no país. Os números da produção agrícola indicam não apenas uma dimensão quantitativa da sua importância, mas são também indicativos de um longo processo de modernização tecnológica da agroindústria nacional. Neste processo de modernização é inegável a importância dos institutos de pesquisa agrícola. O Instituto Agronômico é o mais antigo deles, colecionando uma série de contribuições para o agronegócio brasileiro em diversas áreas como café, feijão, milho e soja.

Por Patricia Mariuzzo, com informações do IAC.