Mais da metade dos importadores da Região Metropolitana de Campinas (RMC) – cerca de 1.012 empresas – não realizam vendas no exterior. Esse número equivale a 55,8% do total de empresas (1.814) que operam no comércio internacional, seja importando, exportando ou atuando nestas atividades simultaneamente.
Além do agravamento à balança comercial – a RMC acumula déficits comerciais há mais de duas décadas –, um fator que preocupa é o alto número de importadores de produtos acabados. No setor de comércio e reparação de veículos automotores, 661 empresas (42,1% das importadoras da região) operam majoritariamente na importação de bens acabados.
De acordo com o economista e professor extensionista Paulo Oliveira, que coordenou o estudo, a característica deste setor se difere à da Indústria de Transformação, que importa insumos para produzir bens localmente. “Com a importação de bens acabados, temos a redução na geração de emprego e renda e, ainda, de oportunidades de ganhos de produtividade e inovação. Nem mesmo aos consumidores, que recebem os produtos a preços mais baixos, essa prática é vantajosa: em longo prazo, com a diminuição das ofertas de emprego, não terão renda e poder de compra”, destacou.
O economista defende que a política industrial deve ser discutida como prioridade pelo poder público. “Questões relacionadas aos incentivos para a configuração da estrutura produtiva nacional, incentivos às exportações e seletividade das importações, precisam ser pensadas, uma vez que cada configuração da estrutura produtiva gera uma organização do trabalho, capacidade de geração de renda, inovação e produtividade diferente. É preciso que a região se organize para cobrar políticas nacionais de inovação que possam ajudá-la em um planejamento mais efetivo à estrutura produtiva”, concluiu.
A redução da dependência externa e o aumento da competitividade por meio das exportações – sobretudo de produtos de maior complexidade – seria, portanto, uma estratégia efetiva para o desenvolvimento econômico sustentado. Contudo, apenas 44,2% das empresas detentoras do Registro de Exportadores e Importadores (REI) na região vendem ao exterior. As demais mantêm cadastro só como importadoras.
Entre as cidades com maior número de operadores no comércio exterior, considerando todos os setores de atividade, destacam-se Campinas, Indaiatuba e Vinhedo, que equivalem a 48,4% do total de exportadores e 51,6% dos importadores regionais. Com exceção de Santo Antônio de Posse e Morungaba, todas as cidades que compõem a RMC abrigam empresas cujo volume de importações supera o de exportações.
Observatório PUC-Campinas – é responsável pelo monitoramento de dados socioeconômicos da Região Metropolitana de Campinas (RMC) e está, atualmente, amparado em quatro eixos temáticos: Atividade Econômica/Comércio Internacional; Emprego/Renda; Sustentabilidade/ Desafios do Milênio; e Indicadores Sociais. Os estudos se estruturam na seleção de indicadores e análise sistêmica de dados que podem ser usados em diversos setores da sociedade.
Por Vinícius