Com pouco menos de 40 mil habitantes, as ruas de Santa Rita do Sapucaí exalam a típica tranquilidade mineira. Mas não se deixe levar por essa calmaria – apesar do ritmo tranquilo que essa descrição sugere, de inerte a cidade não tem nada. Santa Rita do Sapucaí é um polo de Tecnologia e Inovação desde a década de 1960, quando foi cenário da implantação da primeira Escola Técnica de Eletrônica (ETE) do país, do Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL) e do Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação (FAI). Desde então, a cidade atrai mentes criativas e inovadoras, o que a tornou um “Vale da Eletrônica” que conta hoje com mais de 160 empresas de Tecnologia. Isso torna Santa Rita do Sapucaí um palco perfeito para reunir milhares de interessados em Tecnologia e Inovação em centenas de palestras, debates e workshops que ocorrem simultaneamente em bares, escolas, praças e restaurantes de toda a cidade.
Este ano, o HackTown realizou sua quinta edição entre os dias 5 e 8 de setembro, contando com mais de 6 mil participantes – equivalente a 15% dos habitantes da cidade! – que integraram 600 atividades relacionadas a comportamento, inovação, música, educação, tecnologia e empreendedorismo. Uma web rádio foi montada na Praça Santa Rita, no Centro da cidade, exclusivamente para o evento, permitindo transmissões de entrevistas com palestrantes e com o público do festival, ao vivo.
O HackTown 2019 contou também com a inauguração da Casa TIM 5G, um centro de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia 5G. Inaugurada dentro do Inatel, a Casa Tim 5G é fruto de uma parceria deste Instituto com a TIM e a Ericsson e marca a chegada do 5G ao Brasil, tecnologia que, ao aumentar consideravelmente a velocidade de conexão, possibilita a criação de soluções inteligentes para o aprimoramento da agricultura, medicina e até mesmo para o dia-a-dia das cidades.
Além disso, o HackTown contou com um Festival de Música, oficinas e palestras sobre Inteligência Artificial, Comunicação, Consciência Humana, Arte e diversos outros temas, sempre com um enfoque tecnológico e futurista. Para Luciano Vermaas, executivo de inovação e vendas, que participou pela primeira vez do HackTown este ano, “os pontos fortes [do evento] foram a diversidade e qualidade dos temas e palestrantes, indo de altamente tecnológicos, como a experimentação da Internet 5G, a temas da natureza, como o painel delícias da mantiqueira, falando de vinho, azeite e café ou a palestra de Biomimética, que gostei muito.”
Segundo João Rubens Costa, um dos fundadores do evento em entrevista ao portal G1, o planejamento do HackTown, que tem seus moldes no maior evento de inovação do mundo, o SXSW (South by Southwest) – realizado anualmente em Austin, Texas, nos Estados Unidos – “é focado em promover encontros, com locais muito próximos uns aos outros, rotas bem fáceis de serem percorridas a pé e muitas surpresas pelo caminho”. Vermaas salienta que no caso de Santa Rita, o tamanho da cidade e o tempo de intervalo entre as palestras foi essencial para que fosse possível estabelecer conexões entre as pessoas e com a cidade: “Encontrei vários amigos de diferentes lugares e igualmente conheci muita gente nova. O povo sempre hospitaleiro e cordial”.
Além de unir as pessoas, o intuito do evento é mostrar que o novo não está restrito aos grandes centros urbanos. Costa, ainda em entrevista para o G1, enfatizou o potencial de Inovação e Tecnologia presente na pequena cidade: “A gente tem uma capacidade muito grande de desenvolvimento tecnológico em Santa Rita do Sapucaí, só que a gente está fora do eixo. A gente está em um lugar que a gente não é tão reconhecido, e a gente quer mostrar Santa Rita para outras cidades. Mas também conseguir trazer pessoas da área de inovação, várias empresas grandes de outras cidades, de outras regiões do Brasil para cá.”, diz o co-fundador.
Maíra Arruda é head da Campinas Tech, uma associação sem fins lucrativos que apoia o empreendedorismo de alto impacto. Ela conta que fizeram uma parceria para levar para o evento o conceito de comunidade, mostrando a importância das empresas estarem inseridas na comunidade empreendedora, e como isso pode impactar positivamente nos negócios. A Campinas Tech estava instalada em um espaço na ETE, e Maíra garantiu que passaram muitas pessoas para conhecer a proposta, querendo saber como as empresas estão se relacionando. A associação levou para o evento alguns parceiros e patrocinadores.
Para Maíra, “um dos principais objetivos do HackTown é fazer conexões, com certeza dentro do Hack Town saíram muitos negócios, parcerias e também algumas amizades. Quando você entra de cabeça em um evento, você faz amizades também”.
A Campinas Tech organiza um evento anual que é a Conferência Campinas Startup, que já está na 8a edição e este ano fará parte de um evento maior, o Campinas Innovation Festival 2019, também inspirado no SXSW e no próprio HackTown. Maíra espera que seja tão impactante quanto o HackTown.
Um evento tão único como esse possibilita reflexões sobre diversos temas, que não se restringem apenas à tecnologia propriamente dita, mas extrapolam essas barreiras e nos inspiram com um olhar holístico sobre a sociedade atual, deixando claro que a era tecnológica que vivemos exige um remodelamento de nossa forma de agir e pensar. Mostrar o mundo através de outra perspectiva, conectar pessoas e gerar soluções. O Portal Campinas Inovadora esteve no evento e apresenta agora algumas das experiências vividas.
Por Bianca Bosso (Labjor/Nudecri – Unicamp)