O conceito de Indústria 4.0 foi apresentado pela primeira vez na Alemanha em 2011, na maior feira de automação industrial do mundo, a Hannover Messe International (HMI). Trata-se de uma iniciativa estratégica cujo objetivo é a transformação dos processos produtivos através da digitalização, da conectividade e da exploração de novas tecnologias. Fortemente associada à Quarta Revolução Industrial, a Indústria 4.0 agrega flexibilidade na produção, ampliando a possibilidade de desenvolvimento de produtos customizados, fabricados em escalas menores e com maior valor agregado[1].
É possível identificar três megatendências profundamente inter-relacionadas, que impulsionam a Quarta Revolução Industrial: física, digital e biológica. As principais tecnologias da megatendência física são: robótica avançada, veículos autônomos e drones, impressão 3D e materiais avançados. Na megatendência digital, é possível citar a Inteligência Artificial, Internet das Coisas, blockchain, computação em nuvem e realidade virtual. Já a megatendência biológica tem relação com a área da saúde. Aqui é possível citar a genômica, biologia sintética, edição genética, infectologia, neurotecnologia e biotecnologia como as principais tecnologias e áreas de pesquisa envolvidas[2].
Dados do Fórum Econômico Mundial demonstram que o valor combinado da transformação digital, como imediata consequência da aplicação dos conceitos da Indústria 4.0 em setores industriais estratégicos, pode ser superior a US$ 100 trilhões até 2025. A digitalização exercerá impacto muito significativo em praticamente todas as dimensões da vida humana, especialmente na economia. A velocidade das inovações provenientes da digitalização pode ser claramente verificada quando se observa que as 500 principais empresas listadas pela revista Fortune demoram, em média, 20 anos para atingir uma avaliação acima de US$ 1 bilhão. No entanto, hoje, algumas startups digitais estão alcançando esta mesma avaliação em apenas quatro anos.
Como o Brasil pode se beneficiar dos conteúdos relacionados aos US$ 100 trilhões provenientes da aplicação dos conceitos da Indústria 4.0 em setores industriais estratégicos? O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) está desenvolvendo algumas iniciativas muito positivas, como a Agenda Brasileira para a Indústria 4.0, por exemplo. Uma das linhas de trabalho desta Agenda é a Jornada da Indústria para o 4.0, cujo primeiro passo é compreender o conceito de Indústria 4.0, através de uma estratégia que foi denominada Difusão de Conteúdo.
A Difusão de Conteúdo está intimamente relacionada ao conceito de capacitação tecnológica, dentro do amplo contexto da economia do conhecimento. Esta visão estratégica pode colaborar na elaboração de políticas públicas nos municípios da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Para isso, o primeiro passo é ter a consciência despertada para a importância do desenvolvimento sustentável, especialmente no que diz respeito à educação.
Por Reinaldo Ricchi
Reinaldo Ricchi é professor de engenharia em instituições de ensino superior, empreendedor na área de educação tecnológica (EdTech) e criador do curso EAD “Pandemia e o futuro do trabalho”, da emissora de televisão Rede Século 21.
Referências
[1] ROJKO, A. Industry 4.0 concept: background and overview. International Journal of Interactive Mobile Technologies 11 (2017), p. 77 – 90.
[2] LIU, C. International competitiveness and the Fourth Industrial Revolution. Entrepreneurial Business and Economics Review, 5 (2017), p. 111-133.