Sociedade 5.0 e Consciência 5.0

Por Bianca Bosso, especial HackTown 2019

Crédito: Pixabay

A Sociedade 5.0 é uma proposta de modelo organizacional social altamente tecnológico, onde tecnologias avançadas seriam utilizadas em favor do bem-estar e da resolução de problemas humanos. A proposta prevê a criação de cidades completamente conectadas – as Cidades Inteligentes -, nas quais o mundo virtual se integraria de forma harmônica ao mundo físico. 

O conceito surgiu em 2016, a partir de uma iniciativa do governo japonês de criar um direcionamento para as metas de Tecnologia e Inovação a serem seguidas nos próximos anos, e é fruto de uma tentativa de amenizar o medo generalizado de que a era tecnológica transforme o futuro em um cenário pós apocalíptico, onde a Inteligência Artificial substituiria os seres humanos e as máquinas tomariam conta do planeta.

Enquanto a Sociedade 4.0, caracterizada pela velocidade das transformações e abundância de informações, têm como foco a indústria e a maximização da produção, a Sociedade 5.0 teria como eixo central o ser humano e sua qualidade de vida, buscando facilitar o cotidiano e resolver problemas sociais através de soluções tecnológicas. Seria o momento de colocarmos as tecnologias que desenvolvemos com a indústria 4.0 a nosso favor.

Alguns dos problemas que esse modelo se propõe a resolver são o aumento na demanda por energia e alimentos, a falta de mão de obra e o acesso às tecnologias (inclusive médicas) de forma mais ampla e igualitária. Ainda, questões mais cotidianas como o trânsito e os riscos do pagamento em dinheiro seriam transformados com o auxílio da tecnologia. A proposta prevê também que todas essas soluções sejam desenvolvidas de forma sustentável, minimizando os prejuízos para o meio ambiente.

Apesar de a proposta parecer palpável, o problema é que nenhuma sociedade está apta a lidar com a velocidade das transformações que o mundo nos expõe hoje. É necessário refletir sobre quais seriam os efeitos desse novo modelo organizacional para a Consciência Humana. Como seríamos capazes de lidar com todas essas transformações em um espaço tão curto de tempo? Será que a tecnologia por si só seria capaz de resolver todos os conflitos humanos?

Esse foi o tema central da discussão do filósofo Guilherme Romano na palestra “Consciência 5.0: o próximo passo da nossa espécie”, que aconteceu no início do mês de setembro no HackTown 2019. Romano sugere que, para que a Sociedade 5.0 se torne uma realidade, é necessário primeiro uma série de transformações endógenas, que se dariam a partir de uma revolução na consciência humana – a Consciência 5.0.

Para o filósofo, os maiores problemas que enfrentamos na sociedade atual não poderiam ser resolvidos exclusivamente através do avanço tecnológico. A Consciência 5.0 teria que ser desenvolvida em cada um de nós como uma forma de lidar com as contradições e dilemas humanos, esclarecendo conflitos como polarização política e consumismo. Um novo modelo de sociedade, não somente em relação ao avanço tecnológico, mas em relação à forma como nos vemos e encaramos o mundo ao nosso redor, precisaria nascer. Assim, somente no momento em que as pessoas fossem vistas não como números e como padrões, mas como um ser individual, com suas plasticidades e diversidades, a Sociedade 5.0 poderia surgir.

A mensagem que Romano deixa com sua palestra é que será necessário uma ressignificação do mundo ao nosso redor partindo de dentro para fora, uma revolução em nossa consciência para que a Sociedade 5.0 suceda da melhor forma possível, permitindo que o avanço tecnológico trabalhe em favor de melhorias para a sociedade humana de forma harmônica e sustentável.

Por Bianca Bosso, especial HackTown 2019