Instrumentos de apoio da Fapesp estimulam pesquisas inovadoras

Palestra realizada na Unicamp abordou principais características dos programas PIPE, PITE e Centros de Pesquisa em Engenharia Por Paula Penedo

O professor do DPCT, Sérgio Queiroz, em palestra no Instituto de Geociências na Unicamp. Crédito: Paula Penedo

Universidades e empresas interessadas em desenvolver pesquisa inovadora no Estado de São Paulo podem fazer uso de diversos instrumentos de apoio oferecidos pela Fapesp. Entre eles, merecem destaque os programas Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), Parceria para Inovação Tecnológica (PITE) e Centros de Pesquisa em Engenharia (CPE), que foram tema de uma palestra ministrada na semana passada por Sérgio Queiroz, coordenador adjunto de pesquisas para inovação da Fapesp.

O encontro foi realizado no Instituto de Geociências (IG) da Unicamp, para um público de pesquisadores e alunos da universidade, e abordou as principais características dos programas de apoio à inovação da Fundação. No caso do PIPE, que existe há 21 anos, trata-se de do programa de apoio a pesquisas em pequenas empresas mais importante do Brasil, com R$80 milhões investidos somente em 2017.

De acordo com Queiroz, que também é docente do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT/Unicamp), essa importância é medida com base em casos de projetos bem sucedidos, como a quantidade de empresas que trazem resultados promissores e o número expressivo de empreendimentos criados como resultado do programa.

Isso acontece porque o PIPE possui uma característica única no país, a possibilidade de avaliar propostas de empresas que ainda não existem. “A Fapesp analisa propostas classificadas como empresa a constituir e, se a análise for aprovada, aí sim ela é criada. Esse é um mecanismo extraordinário que existe para estimular a criação de pequenas empresas inovadoras no Estado de São Paulo”, alega o professor.

Dividido em duas fases, a primeira com um teto de R$ 200 mil e a segunda com uma alocação máxima de R$ 1 milhão, o PIPE exige que o pesquisador seja vinculado à empresa e não a uma universidade, dedicando-se prioritariamente ao projeto. Ainda assim, é possível que universidades participem como consultoras ou como um laboratório prestador de serviço, caso em que é exigido que ambas as instituições assinem um acordo de propriedade intelectual.

Desde a criação do PIPE, foram mais de 2.300 projetos submetidos, com quase 1.500 empresas participantes. Segundo o palestrante, essas empresas estão claramente concentradas em um eixo das rodovias Anhanguera e Dutra, composto pelas cidades de São Paulo, Campinas, São Carlos, Ribeirão Preto e São José dos Campos, o que está relacionado ao fato do programa promover o empreendedorismo baseado em pesquisa. “Isso é causado pela existência de universidades e programas de pós-graduação com alto número de formação de doutores, pós-docs etc. Qualquer cidade que tenha universidades focadas em pesquisa acaba tendo um grande número de submissões”, esclarece.

PITE E CPE –Enquanto o PIPE foi instituído para apoiar pesquisas realizadas dentro de empresas, o PITE e o CPE são programas colaborativos, em que a pesquisa é conduzida dentro da universidade e co-financiada pela empresa e pela Fapesp. No caso do PITE, não há a necessidade da empresa estar situada no Estado de São Paulo, bastando apenas que as pesquisas sejam conduzidas aqui.

Além disso, existem duas maneiras de submeter um projeto PITE. Na primeira alternativa, empresa e grupo de pesquisa preparam e fazem uma submissão em conjunto, enquanto no segundo caso a empresa faz um acordo com a Fapesp, se comprometendo a destinar recursos por um período determinado e a lançar chamadas de projetos de pesquisa.

Já os Centros de Pesquisa em Engenharia (CPE) consistem em grandes centros que recebem financiamento por dez anos e que, além de co-financiados pela empresa e pela Fapesp, também precisam ser co-geridos. Ou seja, o vice diretor do CPE deve ser um membro da empresa, assumindo responsabilidades de pesquisador da instituição e, devido a isso, precisa ter um doutorado. “É como se ele fosse um professor da Universidade. Então ele precisa ter uma qualificação mínima de doutor, para poder assumir responsabilidade como a de orientar alunos”, explica Queiroz.

Internacionalização –Outro programa abordado na palestra foi o Jovens Pesquisadores, que busca atrair profissionais recém-doutorados para o desenvolvimento de novas áreas e a introdução de grupos de pesquisa. Esse pesquisador irá receber recursos por cinco anos para equipar laboratórios e conceder bolsas, sendo que um dos requisitos é a prévia experiência internacional do candidato. “A visão é transformar São Paulo em um polo de pesquisa internacionalmente reconhecido, então a Fapesp vem fazendo um grande esforço em direção à internacionalização”.

Entretanto, o docente lembra que a colaboração também envolve trazer pesquisadores estrangeiros para as instituições brasileiras. Por isso, um dos programas da Fapesp é o São Paulo Excellence Chair (SPEC), que propicia a vinda de pesquisadores do exterior para criar núcleos de pesquisa em universidades paulistas. No DPCT, por exemplo, é desenvolvido no âmbito do SPEC o projeto“Sistemas de inovação, estratégias e políticas”, coordenado pelo professor Nicholas Spyridon Vonortas, da George Washington University, que tem o objetivo de transformar o Departamento em um dos principais centros de pesquisa em inovação do mundo.

De acordo com as regras do SPEC, a Fapesp arca com os custos do projeto, enquanto a Universidade que recebe o pesquisador se responsabiliza pelo seu salário durante os três meses anuais em que ele fica no país. “Não precisam ser três meses consecutivos, mas 12 semanas que o pesquisador convidado quebra da maneira que considerar mais conveniente, assumindo uma série de responsabilidades como pesquisador daquela instituição”.

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